Esse longa da diretora Charlotte
Wells traz, com muita sensibilidade, as lembranças de Sophie com seu pai
durante suas férias 20 anos atrás. O filme é um retrato pessoal sobre a saudade e
como esse sentimento se reverberou na menina até a idade adulta. Na Turquia, nos anos 90, ela registrou em VHS momentos com seu pai que,
embora feliz com a presença da filha, escondia seus próprios demônios e medos.
De momentos alegres a
emocionantes, o filme tem uma linguagem simples, sem grandes momentos feitos para
emocionar, pois sabe que a beleza da vida está nesses singelos aprendizados que
temos com as pessoas que amamos. Filha de pais separados, Sophie não tinha, à
época, os instrumentos necessários para perceber pelo o que seu pai passava. Algo
que ficou gravado na sua vida, ainda que de forma discreta ou escondida.
Paul Mescal foi indicado ao Oscar
nesse papel com louvor, devido à sutileza com que seu personagem vivenciou
aquele momento com a filha ainda criança. A depressão do personagem se
contrapõe ao amor que ele devota à filha naquelas férias de verão. Destaque
também para a fotografia muitas vezes granulada, típica das filmagens com fita,
trazendo certa nostalgia às cenas.
A alegria e a melancolia foram
bem retratadas, pois a saudade de um ente querido gera esses sentimentos em
todos nós. Em muitas cenas, basta um olhar para vermos como o sentimento
ultrapassa o roteiro escrito. Nesse filme, a inocência e a confusão da garota
se misturam, pois foi algo importante na sua vida e que aos poucos vai se
perdendo no tempo, exceto pelas filmagens que ainda possui daqueles dias.
Trata-se do amor de uma filha e
seu pai, mas, sobretudo, é um filme sobre todos os sentimentos oriundos e
misturados que derivam de apenas um: a saudade de alguém especial.