Há uns meses atrás dei um livro de poesias para uma amiga, mas antes, fiz questão de lê-lo com cuidado e carinho, pois sempre admirei como podemos extrair informações e aprendizados valiosos desses textos. Apesar da métrica muitas vezes perfeita, rimas prazerosas e doses sentimentalismo (no bom sentido, claro), acho que gostamos de poesias porque nos identificamos. O pôr-do-sol, viagens, nascimento de uma criança, amizades ou decepções amorosas, são coisas que estão próximas e atingem nossa vida, querendo ou não. Quando terminamos uma poesia e fechamos o livro imediatamente, é porque aquilo fez sentido e o reflexo físico foi apenas uma consequência do que sentimos ao ler aquelas palavras. Pra mim, poesia devia ser incentivada nas escolas. Falo “incentivada” ao invés de “ensinada”, pois ninguém ensina a alguém a como ser um poeta. É algo que vai além, como o próprio conceito é muito pequeno se comparado ao valor subjetivo da obra. É um romance escrito em poucas estrofes. São linhas rasas que te levam profundo. É uma vida que cabe numa rima.
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
sexta-feira, 10 de setembro de 2021
Inversão
Um dia ele voltará para casa e andará por outra
rua, pegará um caminho diferente, só para variar e confundir o cérebro. Irá a
outro supermercado, comerá em outro restaurante, dará comida para um cachorro
na rua e ouvirá outras músicas. Escovará os dentes com a outra mão e usará o
condicionador antes do shampoo. Dormirá no outro lado da cama e depois em
outras camas. Sentirá amor no lugar da indiferença.
Trocará o barulho dos carros pelo canto dos
pássaros. Comerá o doce antes do salgado. Fará exercício ouvindo Chopin e
relaxará ouvindo heavy metal. Correrá com tempo e caminhará quando tiver
pressa. Sentirá saudade antes de ir embora. Escreverá com a mão oposta e começará
um texto pensando no final. Morrerá para renascer a cada dia. Viverá antes de
sonhar.
Assim, um dia a vida se inverte. Inverte-se a
vida um dia, assim.
sexta-feira, 27 de agosto de 2021
Um homem qualquer
segunda-feira, 28 de junho de 2021
Inverno, primavera
O inverno chegou. O verão que está diametralmente oposto também chegará. Diferentes estações, diferentes sentimentos. Fazer qualquer coisa no frio é difícil, alguns podem até dizer que gostam do inverno, mas tem coisas que o ser humano nunca irá se acostumar. Não por que não gosta, mas porque simplesmente não está na nossa natureza, nossa biologia. Acomodar-se no frio é um exemplo. Uma vez, em uma entrevista, perguntaram a um esquimó se para ele o frio era normal, afinal, ele morava em pleno deserto de vento e gelo. Ele, de pronto, respondeu que não, que o frio nunca será normal de se sentir e acostumar. "Não somos ursos, ou seja, não temos pele grossa com pelos. Somos animais frágeis, temos dentes pequenos e pés sensíveis. Logo, o frio não é algo para nós, definitivamente", ele disse.
Bem, deixando de lado o aspecto biológico, o inverno é um tempo de recolhimento e aprendizado. Claro, é difícil imaginar que, após o verão e estações agradáveis, possamos nos sentir acolhidos em pleno 10°C de um dia nublado, mas acontece. Assim como alguns animais hibernam, o ser humano passa por algo parecido. Nem que seja espiritual ou emocionalmente. Também não precisa ser no inverno (rs). A questão é que é necessário esse movimento de reflexão. Não somos máquinas (ainda), logo precisamos de algo a mais, seja o nome que for - análise, perdão, redenção, autoconhecimento. Para seguir, é preciso se recolher, mas calma, isso também vai passar, afinal, nunca nos acostumaremos ao frio. A primavera é logo ali.