quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Amor


Este é o texto mais difícil que já escrevi. A pessoa mais importante da minha vida partiu de maneira abrupta e vira mais uma estatística nessa guerra que chamamos de trânsito. Somente após a missa de sétimo dia arrisco a rascunhar algo, sabendo que nenhuma palavra aqui resumiria metade do sentimento que minha alma clama e de tudo que aprendi com ela.

A morte não espera um último beijo, uma última palavra de carinho ou um conselho. Ao contrário, a morte deixa as roupas no varal, a comida no fogão e não espera você pagar as contas do mês. A morte é mais triste para quem fica, para quem tem que suportar a ausência mesmo que insuportável. Quem tem que dizer adeus sozinho na esperança de ser ouvido e que encontra aconchego nos lençóis da cama ainda desarrumada.

Sempre me lembrarei do seu carinho em minha cabeça, do café logo cedo da manhã, das idas e vindas do colégio segurando sua mão, dos biscoitos escondidos estrategicamente embaixo da pia da cozinha, das broncas pela minha bagunça, do espelho na porta da sala, pelos conselhos simples e diretos, das noites em que me socorria quando adoecia e quando dormiu no corredor de um hospital quando eu estava numa maca, sentirei saudades dos beijos na minha testa em meu aniversário, da voz alegre ao telefone, da sua humildade, da sua coragem em viver e, principalmente, de sua tão admirada e evidente Fé.

Com você aprendi a ter um sorriso fácil, mesmo quando estou triste. Aprendi a fazer de minhas amizades a minha família, aprendi a respeitar o próximo oferecendo mais carinho e atenção, aprendi que minha escolaridade é parte de mim, mas não é tudo, aprendi a arriscar em busca de um sonho, aprendi a comprar passagens só de ida e desejar que meu caminho fosse iluminado de pessoas alegres e altruístas. Aprendi a ser forte com os olhos cheios de lágrima. Aprendi a ser quem eu sou, de ter orgulho de onde eu vim e de tudo que conquistei.

Sei que estás bem, acolhida e em paz. Continue orando por todos aqueles que a amam. Hoje é dia de amadurecimento. As minhas lágrimas secarão, mas você sempre estará em meu coração. E como diz a letra: “...ando devagar porque já tive pressa, levo esse sorriso porque já chorei demais”.
Te Amo! Saudades!

domingo, 7 de setembro de 2014

E onde mora a sensatez?


Objetivos, planos, estratégias. Todos nós temos isso, até o mais “destranbelhado” dos humanos. Buscamos, incessantemente, realizar nossos anseios através de tarefas bem arquitetadas. Afinal, atualmente, sequer podemos nos permitir ter tempo de sonhar. “Quem sonha já perdeu tempo”, é o que dizem por aí. Não critico esta situação, mas creio, cada vez mais, que uma vida baseada em planos, não é “natural”.
Viver com sensatez e em busca de equilíbrio (pessoal) não quer dizer que você irá viver com uma agenda debaixo do braço. Uma bíblia de seu cotidiano. Isso é chato e desnecessário. Você pode se planejar, desde que contando com o imprevisto e o desconhecido. Uma vez ouvi que toda grande jornada começa quando se põe o primeiro pé na rua. Pagando passagens para o desconhecido, provando sabores exóticos de sorvete, visitando uma trilha quase inexplorada, ou até mudando o caminho que você faz para seu trabalho. Tudo é válido para se permitir a aprender.
Nunca me acomodei, tampouco pensei demasiadamente nos meus cronogramas. Programações são interessantes, mas perco minha atenção facilmente. Penso que cada dia fora do comum é um passo que você dar em sua vida, que, metaforicamente, chamamos de caminho. Saio de casa, enfrento a estrada escura e vazia, visito uma praça, converso com o porteiro e conquisto o sorriso de alguém. Para mim, isso é viver.
Morre lentamente aquele que não vira a mesa quando está infeliz com o que faz, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
(imagem:  cena do filme "A vida secreta de Walter Mitty")