domingo, 4 de dezembro de 2011

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não deveria...

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem outra vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha pra fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o Jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz aceita ler todo dia, de guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios, a ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar por ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável, à contaminação da água do mar, à lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galos na madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta do pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua o resto do corpo.. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto acostumar, se perde de si mesma.

sábado, 29 de outubro de 2011

Justiça cega, surda e muda


“Para a sociedade, bandido bom é bandido morto”. Essa é uma das frases que compõem o filme Tropa de Elite 2, de José Padilha. Traz à tona apenas aquilo que existe, e que bate à nossa porta, mas ninguém trata com sinceridade: A revolta civil perante a criminalidade, não apenas no RJ, mas, também, no Brasil como um todo.

Manchetes em jornais, TV, internet, o que vemos é uma carnificina ao vivo financiada pela alta cúpula da administração pública; justamente daqueles que deveriam zelar pela segurança, mas o fazem sempre em troca de algo, no caso, propina, aluguel, drogas, poder. Sai a figura do traficante e entra o lobo travestido de ovelha: a milícia. O Comando e controlador das comunidades, onde a “segurança pública” tem preço, mas não tem vez, nem voz!

No ano de 2010, as facções (termo semelhante ao usado com os diversos grupos de traficantes) dominaram 42% das favelas do RJ. O revoltante não é apenas a vassalagem nas favelas brasileiras, mas é saber que o financiamento de toda essa barbárie provém dos governantes, que, em troca de favores, tornam-se falsos heróis pois "libertam" a comunidade do tráfico (entre os pobres), mas perpetuam o crime entre as paredes dos salões nobres das assembléias legislativas, onde o povo apenas vê passivamente, mas, como na favela, não consegue gritar por socorro.

O “Sistema” existe sim! É forte e silencioso! Destrói famílias, favorece poucos em troca da vida de muitos e está incorporado a aquilo que somos como brasileiros, vítimas e bandidos ao mesmo tempo. Todos nós! Não há Direitos Humanos que resista ao sistema. Não há paz que se comprometa com o ego humano.

“O homem é mal por natureza” já dizia Maquiavel.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Nossa, há quanto tempo!


Faz tempo que não escrevo, pelo menos não oficialmente. Muitas vezes vejo-me permeado de situações simples, do dia-a-dia, que me fazem refletir algo, em sua maioria são pensamentos rápidos e supérfluos. Quando acontece, não escrevo, evito trascrever para um papel ou neste meio certas bobagens.

Destaco, também, que para a “criatividade chegar” preciso estar bem, não de saúde ou psicologicamente sadio, já que os maiores escritores da história escreveram seus devaneios primeiramente em lenços que escontraram embaixo da escrivaninha ou em guardanapos de bar. Digo, bem suficiente para escrever, criativo e disposto. A criatividade se apresenta, é um evento. Surge naqueles que a incentivam, que buscam algo maior, religiosa ou filosoficamente, que estão insatisfeitos ou incomodados com tudo e todos, ou pelo menos como tudo se apresenta. Esse é o fundamento do pensamento e, consequentemente, da escrita para mim.

Criar histórias ou lendas? Noticiar um evento? Preservar uma cultura? Não tão simples assim. Tudo, digo TUDO, meus caros, passa pelo crivo da sociedade dominadora, ou, menos ofensivamente, daqueles que possuem os “meios” de comunicação. Não muda muita coisa. Dizem o que querem e quando querem. Cabe a você filtrar o que ver.

Por isso escrevo “o não comum”, por isso me interesso por poemas esquecidos, por isso não leio livros da moda ou gosto de bandas que vão ao Faustão, por isso não gosto de usar branco no ano-novo...não, eu prefiro ouvir o antigo, ler aquilo que está no Sebo e comprar filmes da década passada que têm realmente algo a acrescentar, prefiro dizer o que sinto quando sinto, e se não sinto, nada digo.

Não escrevo para as mídias, mas estou, inevitavelmente, nelas. Escrevo para ser como os borrões que encontrei em uma gaveta, com traças e rasgados, mas que me mostraram como era minha gramática, minha letra, meus pensamentos naquela época, ou seja, mostraram quem eu era. Espero ver este blog assim também em um futuro e poder dizer: Nossa, há quanto tempo!

E simplesmente sentir.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A estrada


Olhar para o passado é, particularmente, nostálgico. Quando criança, fazia o percurso Belém-São Luís pelas nossas inseguras e excitantes rodovias. Na rodoviária, antes de entrar no ônibus, meus olhos já estavam no corredor, mechiam rápido como se buscassem um brinquedo perdido, e buscavam: uma poltrona na janela. Sentar-se à janela era a cereja bolo. Sentava-me, acendia a pequena e charmosa lâmpada acima do banco e esticava a cortina vinho que cobria a janela, e, de lá, observava o mundo, meu mundo.

Ao sair, geralmente à noite, despedia-me de cada curva como se fosse um parente distante que há muito não via. A leve e fria brisa no rosto, o cheiro do mato inexplorado confundia-se com as linhas mal conservadas da estrada e a escuridão entre as árvores. Não me preocupava com as condições das pistas ou com os assaltos à luz da lua, apenas fixava meu olhar no horizonte como se algo fosse sair daquele breu. A expectativa é orgulhosa, não dá espaço. Os arbustos se misturavam, eram cúmplices das elucubrações de uma criança. Aguardava o ano todo para isso. E, no fim do ano, não queria um carrinho, ou uma bola, mas, sim, uma viagem.

A estrada não é ciumenta, nem rancorosa, não pergunta seu CPF ou se possui dívidas. Ela quer apenas que você a visite de vez em quando, com todos seus sonhos.

Hodiernamente, nas ruas e rodovias, ainda gosto de observar as árvores sob o som do silêncio da madrugada. O mistério da escuridão das estradas é um tranquilizante, meu ansiolítico.

Lembranças de uma infância. Parte de mim.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

...a perfeição existia


“O Sentimento não encontra palavra que o descreva, ela disse, e então calou-se. Ela era assim mesmo, estranha e misteriosa. Falava por monossílabos e era inútil tentar tirar-lhe algo mais. Suas palavras tinham um tempo próprio, alheias às exigências do momento. Só falava quando encontrava a justa forma pra dizer o que sentia.

E, naquela longínqua noite de inverno, a frase viera a propósito da música que estivéramos a ouvir, o quarteto Opus 132, de Beethoven.

Estávamos deitados sobre dois almofadões no chão, encolhidos e de mãos dadas sob os cobertores, quando ela falou.

A perfeição existia.

Olhei para ela. Seu olhar atravessava minhas paredes e muros, e me peguei fazendo confidências, criando raízes. Ela era a minha terra, a planície onde eu pousava após meus voos turbulentos.

Mas a perfeição existe só de passagem, nunca para ficar, e então me veio um medo, um quase desejo de não ser feliz para não perder a felicidade depois (o Sentimento não encontra palavra que o descreva). E então cortei, brusco, o fluir das palavras. Mas ela não pareceu surpresa. Conhecia a vida e os viventes. Só não conhecia a palavra que descrevesse o sentimento. Como eu.

Mas por todo aquele inverno seguimos na busca, juntos, e uma noite fizemos amor ao som de Beethoven. Depois daquela noite decidimos dar por encerrada a busca. Agora, mais que nunca, aquele Sentimento não encontraria uma palavra que o descrevesse. E então nos separamos. Nunca mais a vi. Depois dela, os sentimentos têm sido descritos com palavras tristes, melancólicas.

Os caminhos agora são outros e ao meu lado dorme uma outra mulher, que não me olha por dentro e que não sabe que Beethoven existe. Mas ainda moro na mesma casa, e os almofadões ainda são os mesmos. “E nas noites de inverno ainda ponho a tocar o quarteto Opus 132, que me desperta um Sentimento antigo, ainda não descrito, que me consola.”

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Encontros e Desencontros


Pela manhã, sentado e tomando café em uma lanchonete, observei uma dupla de amigas. Conversavam sobre o relacionamento de uma delas e o quanto “sofriam por amor”. As pessoas, definitivamente, sofrem por vários motivos; alguns mais simples, outros mais intrigantes. Encaixo-me nesse segundo.

Vivenciando o que noite proporciona, percebi o quanto posso ser comum e instigante ao mesmo tempo, o que é pior. Passei a me comportar de maneiras diferentes para ver situações também diferentes. Consegui. Vi absurdos e participei de ironias. Fui casual e espontâneo em uma mesma semana. Enfim, fiz. Porém, nada sacia meu Ego. Ninguém entende meus valores...

Bem, retornando para a conversa das amigas, percebi que cada um enfrenta aquilo quer. Vê – e sente – o que deseja. Tem a necessidade de passar pelo pântano e comer a lama para ver se está vivo. Estranho, mas totalmente humano.

Relacionamentos? Não questione, não entenda, não queira ver, pois, cuidado! O que você pede, você pode conseguir. Não lute contra você mesmo. A alma guarda o que a mente tem que esquecer. E no fundo, sabemos onde isso vai acabar: em uma mesa de bar, ou de uma lanchonete.

Portanto, não sou indiferente, nem cruel. Somente aprendi a não me incomodar com clichês e tapinhas nas costas. Nós vamos até onde queremos ir. E que por mais rude que possa ser, a pessoa facilitará as coisas se perceber que, apesar de seus méritos e esforços, só pode oferecer aquilo que estou disposto a encontrar.

domingo, 19 de junho de 2011

O que vai fazer?


Noite encantadora e triste, sábado. Acabo de assistir a um dos meus filmes prediletos, Colateral. Trata de como ‘encaramos’ a vida, uns planejam e se frustram, outros são práticos e imediatistas. Mostra a fugacidade da vida, como nos perdemos em meio a 6 bilhões de pessoas, com nossos sonhos, planos e lembranças. Os sonhos não bastam, não são eternos, mas, quando percebermos isso, estaremos velhos e alienados, sendo expectadores de nossos próprios devaneios.

O filme trata do despertar, do acordar para a realidade; uma forma trágica de ver a matrix claustrofóbica que criamos. O Morpheus é o Vicent.

Acordamos e entramos na rotina: banhamos, comemos, fazemos planos, trabalhamos e em meio a tudo isso, fugimos. Fugimos para um lugar onde queríamos estar, para onde a mente teima em ficar. A mente veste pijama listrado. Ela vai além do que o corpo faz. É o despertar da alma, mostra que estamos vivos, que temos algo a fazer, que devemos levantar do comodismo.

O momento mais lúcido é quando sonhamos.

Não é fácil, porém, quando enfrentamos nossos valores petrificados, quando discutimos com os esteriótipos e ‘quebramos’ o consciente, mostramos realmente quem somos e o que podemos fazer. Destacamo-nos.

Penso assim.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Indignação


Venho ressaltar minha modesta indignação diante de uma entre as várias notícias oportunas que lemos diariamente. Pouco antes deste lampejo literário li sobre mais um caso “suspeito” de enriquecimento ilícito na política. Descupem-me os partidários de idéias contrárias ou os defensores de investigações ineficientes, mas não há como perdoar o “ofensor gratuito”, não há como perdoar os que roubam do povo, de nossos entes queridos, de nosso suor. Não se podem perdoar os que deviam desenvolver e proteger a sociedade civil, mas nada fazem.

Sair de nossos resintos tornou-se um sacrifíco: buracos nas ruas, trânsito caótico, servidores públicos reivindicando supostas melhorias, insegurança, saúde pública aos frangalhos, desvios de dinheiro público, sem as devidas punições; enfim, má administração pública, que, infelizmente, desenvolve um comodismo social.

A memória política do brasileiro é fraca, principalmente quando relacionada à administração do dinheiro público e as nefastas e inescrupulosas artimanhas dessa corja no poder. Quisera eu poder dizer: 'O que passou, passou. Esqueci. A vida continua' – ela continua sim, porém fragilizada, aviltada.

A ação governamental não pode ser vista como uma benesse, gentileza, um favor; de modo algum. A Constituição legitima o Poder que provém do povo, mas, infelizmente, comprova-se mais uma vez que isto só esta no papel.

Enquanto isso, nós, cidadãos de bem, continuamos a sonhar em viver, um dia, no paraíso. Onde nossa realidade nunca estará aquém de nossos mais sublimes devaneios de verão.

sábado, 16 de abril de 2011

Tentativas


Rotinas, hábitos, carater, quem diz isso? Quem pode afirmar algo? Quem pode tentar ajudar?

Tentamos, equivocadamente, mudar a vida do próximo, elucidar fatos e aconselhar, ou melhor, impor nossa vontade aos outros. São apenas tentativas. Nada; apenas flutuações de nossa mente egoísta e orgulhosa. Tornamo-nos fúteis quando tentamos controlar algo que independe de nossa vontade, força, atenção ou dedicação. O próximo espera que possamos entendê-lo, aconselhá-lo, e, às vezes, até vivenciar aquilo que se espera. Como já disse – apenas tentativas. Não fazemos por mal, mas por querer o bem do amigo, do parente, de quem precise. Todavia, poderíamos ajudar caso estivéssemos bem conosco, com o ego alto. No entanto, não é o que ocorre na maioria das vezes. Buscamos no outro uma saída de nossas mazelas, infortúnios. Mas, esta etapa da vida, como na maioria das vezes, depende unicamente de nós mesmos, tão somente.

Futuro incerto? Receio do mundo? Escuridão após o seu quarto onde é seguro? Temos que enfrentar, encarar, bater; mas, e se não formos agresivos, ou apenas indolentes?

Estas perguntas serão respondidas, não com palavras, mas com atitudes. A vida irá lhe mostrar.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Tudo passa, tudo passará


Interessante na vida como circunstâncias nos fazem mudar certas concepções. No meu caso, foi quando me internei no hospital(público). Assim como tanto outros , eu era um paciente, apesar de eu ter em minha mente que era apenas mais um, depois percebi que não pensara equivocadamente. Lá não possuia nome, apenas número, mais precisamente eu era o “M-19”, ou seja, maca 19. Permanecer uns dias em um corredor permitiu-me refletir – isso quando não ouvia gritos ou o som das macas passando ao meu lado – sobre ‘aquela vida’. Presenciei não apenas o descaso com o nosso sistema de saúde, mas o processo de desumanização presente naquelas paredes. O espaço em um leito é concorrido, portanto, as açoes de ajuda são apenas paleativas, ou de apenas subsitencia (“um trato rápido”).

As placas de silencio nas paredes são uma ironia perto daqueles barulhos. Soros e medicações? Perdi a conta. É estranho andar com algo (soro) em sua veia, lembra as correntes, neste caso, aversamente ao sentido metafórico, já que aquilo era minha fonte de nutrição.

Apesar disso tudo, presenciar a calamidade pública foi renovador. Conheci trabalhadores, batalhadores, sonhadores, Brasileiros! Pessoas que se sacrificam ao dormir ao lado de seus parentes em cadeiras de ferro sem conforto algum. O que vi não esta nos emails bobos que recebemos sobre conscientização, não! O que vi foi a realidade. Isso modifica o que pensamos.

Sem saúde não somos nada e lutar por ela, ajudando o próximo é o que, definitivamente, diferencia-nos e aproxima-nos de nossos irmãos, dignifica a alma.

Preserve sua saúde.

(apesar da triste situação, este espaço é para agradecer e destacar o trabalho dos profissionais de saúde que ali estão, com certeza bem qualificados.)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Quando a chuva passar


Hoje, peguei-me observando a chuva; gotas escorrendo nos vidros dos carros, enxurrada nas valas, arrastando tudo. Sempre gostei da chuva, ainda mais do clima que a precede: frio, certa neblina e o céu cinzento. Apesar de comum, é um fenômeno natural que interessa as pessoas. Tão valorizado nas poesias e canções sobre linções de vida.

Gosto de admirar, refletir enquanto chove, águas passando, como tudo na vida, uma metáfora das circunstancias. Deixa a alma mais leve, retira as impurezas, vejo crianças (e adultos também) banhando nas ruas, calçadas, como se aquilo fosse um ultimo ato, a redenção. Pressumindo-se uma liberdade fugaz.

Ao fim vem a calmaria, os vidros secam, os “rios” nas valas tornam-se poças e quem admira continua a viver com esperanças do retorno deste dia cinzento. Penso assim. Nostálgico, pode ser. Ruim, não!

Como diz a canção: “...É preciso amor para poder pulsar, é preciso a paz para sorrir, é preciso a chuva para florir”.