quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Aftersun (2022)

 


Esse longa da diretora Charlotte Wells traz, com muita sensibilidade, as lembranças de Sophie com seu pai durante suas férias 20 anos atrás. O filme é um retrato pessoal sobre a saudade e como esse sentimento se reverberou na menina até a idade adulta. Na Turquia, nos anos 90, ela registrou em VHS momentos com seu pai que, embora feliz com a presença da filha, escondia seus próprios demônios e medos.

De momentos alegres a emocionantes, o filme tem uma linguagem simples, sem grandes momentos feitos para emocionar, pois sabe que a beleza da vida está nesses singelos aprendizados que temos com as pessoas que amamos. Filha de pais separados, Sophie não tinha, à época, os instrumentos necessários para perceber pelo o que seu pai passava. Algo que ficou gravado na sua vida, ainda que de forma discreta ou escondida.

Paul Mescal foi indicado ao Oscar nesse papel com louvor, devido à sutileza com que seu personagem vivenciou aquele momento com a filha ainda criança. A depressão do personagem se contrapõe ao amor que ele devota à filha naquelas férias de verão. Destaque também para a fotografia muitas vezes granulada, típica das filmagens com fita, trazendo certa nostalgia às cenas.

A alegria e a melancolia foram bem retratadas, pois a saudade de um ente querido gera esses sentimentos em todos nós. Em muitas cenas, basta um olhar para vermos como o sentimento ultrapassa o roteiro escrito. Nesse filme, a inocência e a confusão da garota se misturam, pois foi algo importante na sua vida e que aos poucos vai se perdendo no tempo, exceto pelas filmagens que ainda possui daqueles dias.

Trata-se do amor de uma filha e seu pai, mas, sobretudo, é um filme sobre todos os sentimentos oriundos e misturados que derivam de apenas um: a saudade de alguém especial.