segunda-feira, 6 de julho de 2020

Até a eternidade (2010)



Com o roteiro e direção de Guillaume Canet, esse longa francês aborda amizades e mentiras. Após o acidente com um amigo, um grupo mantém o plano de passar dias na casa de veraneio de Max (François Cluzet). Entre taças de vinho, passeio de barco, acontecem várias revelações que comprometem a amizades de todos em alguma forma. Todos têm que lidar com traições, homossexualidade, depressão e loucuras um dos outros.

Essa pequenas mentiras, do nome do filme em francês “Les petits mouchoirs”, surgem e colocam à prova o laço de família e a amizade do grupo que, mesmo após várias descobertas, tentam manter as aparências e o amor que cada um sente pelo o outro. Os dias nessa casa em frente ao mar se mostram interessantes e você fica curioso em saber como a mentira está em qualquer lugar, mas que, ainda assim, mantém várias pessoas juntas.

A atuação de vários atores atuais do cinema francês ajuda, como de Marion Cottilard, Gilles Lellouche e Benoît Magimel. Até a eternidade trata de amizade e em como aprender a (con)viver em grupo, lembrando muito as festas/férias que, às vezes, passamos entre família e amigos.

Solidão compartilhada



Tempos de quarentena são difíceis. Há três meses vou apenas ao mercado perto de casa, com poucas incursões ao trabalho. No entanto, semana passada, sai com um colega e decidimos pedir uma cerveja e tomar ali mesmo, na calçada, fora do bar (ambos devidamente com máscara e mantendo o distanciamento) . Entre algumas conversas aleatórias e recordações, o dono do bar solta “você sabe o Thales?”, meu amigo responde “sim, que tem ele?”, por sua vez o primeiro diz com um tom nebuloso “ele se matou no domingo”. Nessa hora o clima pesou e nós três sentimos um embrulho no estômago. E assim ficamos um tempo.

O dono do bar fala “...mas ele não era depressivo. Não entendi. Deve ter sido a solidão”. Eu, observando os dois conversarem sobre o amigo que se foi, fiquei sem palavras, até que, após um respiro, disse “quando a solidão vem, ela bate com força”. Todos nós assentimos. Logo após chegou um vizinho, mas o ar surgido do que fora contado há pouco sobre a morte de um conhecido ainda permaneceu ali, até se dissipar. Então, aquele bar, aqui no centro de SP, voltou a ser um pequeno reduto de filósofos e cientistas políticos de plantão.