Há algum tempo não escrevia, não
tinha motivações, ou melhor, inspirações. A ironia nessa situação é que quando
estou passando por situações conflituosas, ou, até certo ponto ofegantes, não
consigo parar para escrever nada, minha mente torna-se uma confusão sem fim.
Outrora momentos assim eram “inspiradores”, hoje são borrões em minha memória e
barreiras cognitivas. Não consigo escalar. Odeio me sentir atormentado por um
dilema moral-social. Antes fosse um cálculo matemático indecifrável.
Penso que a maioria dos
sofrimentos são banais, pois são evitáveis. Mas nosso corpo busca com que (ou
quem) se preocupar. É um mergulho no mar aberto, onde a calmaria da superfície
contrasta com os tubarões na profundidade. Sabemos do perigo, mas nossa mente
quer nadar. Assim me sinto. A questão é que somente teremos algum resultado se
nos jogarmos ao mar, de peito aberto e “dar bicudos” nos tubarões. Não há outra
maneira de ser feliz.
O paradoxo desta metáfora é que o
mesmo caminho da famigerada felicidade é o do possível sofrimento, das dúvidas.
Temos que aguardar pelos dois e saber enfrentá-los. Pois se um dia você vencer seus
tubarões e voltar à superfície não reclame de ter saudades do mar, pois foi
somente lá, nas dificuldades, que você arriscou e foi você mesmo.
Se viu algo sob a água, mergulhe!
Vá atrás! Não tenha medo de mostrar quem você é e lute com os tubarões. Se tem um problema, resolva-o. Você
provavelmente emergirá com as cicatrizes, mas saberá que quando você quiser
poderá sempre mergulhar novamente.