quinta-feira, 25 de julho de 2019

Objetos esquecidos


Quando deixamos de usar certos objetos? Quando não há mais utilidade ou simplesmente quando não os queremos mais? Talvez os dois. Uma calça jeans, uma camisa listrada, uma pulseira ou um livro comprado e nunca lido, esquecido entre garrafas de vinho na estante empoeirada. A matéria também tem vida em sua utilidade.

Há espaço para tudo quando sabe-se priorizar. Escolher o tempo certo é mais importante do que o objeto correto. A intangibilidade produzida por um presente recebido (ou doado) não tem preço e, enquanto tiver valor, não há descartabilidade. Não há desprezo pela velha bola de tenis enquanto ainda se quer jogá-la na parede. Não se joga fora uma garrafa enquanto ainda te faz lembrar da noite que a abriu e bebeu com alguém especial.

O sentido existe porque você o cria, nomeia-o e o guarda em seu coração. Uma vez ouvi que se te faz sentir, então faz sentido. Logo, se você abraça o significado, então nunca irá perder seu real valor. Há mais memória na vida do que se imagina.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Meia Noite em Paris



Meia Noite em Paris é uma obra prima do Woody Allen, que escreve e dirige o filme. No longa, acompanhamos a viagem que Gil Pender (Owen Wilson), roteirista de Hollywood, com sua noiva Inez (Rachel McAdams) a Paris. Ele faz vários passeios noturnos e, a meia-noite, ele é transportado para Paris dos anos 20, melhor época para ele. Gil é nostálgico e sempre quis viver nessa época. Nessas viagens, ele conhece seus ídolos, como escritores e pintores. A partir daí ele passa a questionar as escolhas pessoais e profissionais de sua vida.

Ele percebe, por exemplo, que sua noiva é totalmente diferente dele, que possuem gostos diversos e que ela, por vezes, não respeita suas escolhas. Percebe, também, que poderia ter se tornado um escritor de romances, sonho que sempre possuiu, mas nunca realizou. Na década de 20, ele conhece e se apaixona por Adriana (Marion Cotillard), que namorava Pablo Picasso à época. Juntos eles viajam para La Belle Epoque da França - final do séc. XIX - percebendo ali que a “melhor época” para se viver sempre será diferente para cada pessoa e que no fundo nunca valorizamos nosso presente.

Woody Allen ganhou o Oscar de melhor roteiro original com esse filme. Creio que, além da bela fotografia que acompanha toda sua cinematografia, esse filme funciona bem como um alívio dramático para o tema da nostalgia. Afinal, quem nunca quis viver na época de seus ídolos ou quis ter nascido em outro período? Ou ainda, quem nunca quis ter outra carreira profissional ou ter feito outras escolhas na vida pessoal? Tanto pelo drama como pelo enredo, Meia Noite em Paris funciona bem como se fosse um romance em formato de filme.  

segunda-feira, 1 de julho de 2019

50/50



50/50 é um bom filme do cinema indie americano. Quase esquecido pelo público geral uma vez que foi lançado apenas nas locadoras, ele rende boas risadas e também emociona. Escrito por Will Reise, conta a sua história de como enfrentou o câncer. Nesse longa, vemos Adam (Joseph Gordon-Levitt), rapaz de 27 anos que descobre que possui um câncer na coluna e tem 50% de chances de sobreviver. Vemos o enfrentamento da doença ao lado de seu amigo Kyle (Seth Rogen), da namorada Rachel (Bryce Dallas Howard) e sua família.

O tema do câncer é tratado de forma delicada, sensível e realista. Por exemplo, assim como mostra os efeitos das sessões de quimioterapia, por outro lado vemos os laços de amizades e amor entre os personagens. Exceto em relação a Rachel, já que ela demonstra seu desconforto ao estar ao lado de Adam, indicando um provável fim de relacionamento. Kyle, por sua vez, funciona bem como alívio cômico e traz leveza e alegria para o enredo. Ademais, destaco o papel da Anna Kendrick como a psicóloga iniciante de Adam, numa atuação doce e alegre. Por fim, a relação de Adam e sua mãe é um dos pontos altos do filme e que merece atenção ao assisti-lo.

50/50 é um filme que, muito além de retratar sobre uma doença, expõe bem seus efeitos na família e amigos. Joseph Gordon-levitt mostra como sabe fazer drama, deixando de lado seu papeis como coadjuvante e trazendo realismo como protagonista. Ah, a cena dele raspando a cabeça é boa e divertida, assim como ele com os pais antes de ir fazer a cirurgia. Logo, seja para rir ou chorar, esse filme funciona muito bem.