quinta-feira, 24 de abril de 2014

Na boa?


Na boa?
A gente tá muito acertadinho, muito certinho
A gente tá cheio de inho
Noite passada me peguei com horário para dormir
E acertando o horário para acordar
Estamos cheios de horários e esquecendo a hora de se perder
Pois, na boa? A gente deve se perder de vez em quando
Se perder
Deixar de se ter
Pegar uma bicicleta no feriado
Com alguma grana para não passar fome
Sair, se perder, dar trabalho ao tempo que nos dá trabalho
E ir sozinho, só com esse inho
E lá, perdido, encontrar o que a gente sempre foi
Do jeitinho que estávamos quando choramos da primeira vez
Lá, perdido, o tempo não faz sentido
Sentindo o real sentido de sentir
Cara, na boa? Deixa de querer só ganhar
Só gananciar
Perde, cara! Acorda e perde!
Pede pra jogar peteca com um menino e perde!
Passa o troco sobrando para o padeiro
E mostra que tá sobrando!
Perde! Saca, assim, ganhar não significa nada
Saca? Na boa?
Só se perdendo é que a gente volta a se achar
E não há nada melhor do que se achar
Por não haver nada melhor do que se perder
Rafael Martins

Texto de um antigo e verdadeiro amigo que, assim como eu, gosta de se perder para se encontrar

quinta-feira, 3 de abril de 2014

De onde você é?



Pessoas interessantes não têm pudor. Calma, eu explico. Elas vivem intensamente, a seu modo. Não pedem permissão. Elas mudam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Fazem novas amizades. Não criam expectativas. Elas se interessam por pessoas que são o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam convites para fazer algo que nunca fizeram. Estão sempre dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do “zero” várias vezes. Não se assustam com o passar do tempo. Sobem no palco. Fazem loucuras por amor. Compram passagens só de ida.

Pessoas interessantes estão aqui e ali, elas te ligam durante a noite sem ter um assunto, te acompanham na fila do supermercado. Estão onde você acha que nada de interessante sairá de lá. Aparecem e desaparecem.