quinta-feira, 5 de maio de 2022

A pior pessoa do mundo (2022)

Este filme de Joachim Trier é tão realista a ponto de desejarmos um pouco de ficção enquanto o assistimos, por isso, seja tão singelo e impactante ao mesmo tempo, e tenha conseguido seu espaço no Oscar 2022, como melhor longa estrangeiro. Não venceu, mas foi o que mais me impactou entre os concorrentes. No longa, Julie é uma mulher de quase 30 anos que vive mudando de ideia, de profissão, de amores. Se envolve com alguém, enquanto está em outro relacionamento, muda de faculdade algumas vezes, vive em conflito com seu pai e com seu próprio futuro, em relação a ser esposa ou mãe de alguém. Para mim, aí está a justificativa do título, pois a culpa sentida pela protagonista decorre do fato de que ela é uma pessoa boa, mas que erra e se arrisca, acabando por magoar outras pessoas na vida. Essa culpa a faz se sentir como a pior pessoa do mundo. Lembro que pessoas que são de fato ruins e mal intencionadas não carregam culpa e arrependimentos, logo, apenas pessoas boas se sentem mal pelas suas ações e histórias vividas.

Quem nunca se sentiu como ela? Perdido em meio a possíveis profissões nunca concretizadas, em relacionamentos incertos e com problemas familiares? Penso que o filme traz essa ideia de que podemos nos redimir sempre, pois a vida é sobre viver entre essas instabilidades, as dúvidas tão comuns e, acima de tudo, em arriscar sabendo que pode se machucar ou machucar alguém no caminho, mas nunca deixar de seguir. Você aí, lendo este texto, é uma pessoa boa, mas já se sentiu a pior pessoa do mundo alguma vez, né? Viver também é aceitar as instabilidades do mundo e as nossas próprias. Cicatrizes emocionais fazem parte de nossa história, e que em algum momento da nossa própria “jornada do herói” podemos ser vilões, mas em outro, podemos ter a chance de aprender e viver uma vida mais leve e feliz.

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