sexta-feira, 19 de junho de 2020

A despedida (2019)



Esse segundo filme da cineasta Lulu Wang é um retrato sobre a morte e relacionamento familiar. Conta a história de Billi, interpretada pela Awkwafina, que mora em Nova York e tem que voltar à China pois sabe que sua querida avó Nai Nai (Shuzhen Zhao) está doente e tem pouco tempo de vida. O longa explora bem a diferença de pensamento entre Billi com o restante da família, que opta por esconder de Nai Nai sua real condição. Algo que, aparentemente, é comum na China. 

A família, então, arma um casamento apenas com o intuito de unir a todos e deixar Nai Nai feliz, pois cada uma foi para um lugar diferente. Billi não entende, pois prefere conta a verdade à sua avó, mas sempre é repreendida pela mãe e tio. Ela, logo, passa a ficar mais na companhia da sua avó por saber de seu fim próximo e guarda o segredo. O filme tem sucesso em mostrar de forma objetiva as diferenças culturais que existem até mesmo em um povo com a mesma origem. O tio de Billi, para justificar o segredo, diz a ela que “se a pessoa tem câncer, ela vai morrer. Não é a doença que mata, mas o medo”. Uma visão, por vezes, bem diversa da encarada no ocidente.

A morte é o pano de fundo do filme, mas que possui um arco de dramédia e bons momentos em família, fazendo com que reflitamos sobre valorizar quem está ao nosso lado, mesmo que esteja, às vezes, longe. O laço familiar e o aprendizado extraído de momentos simples ficam marcados, mesmo que você nem perceba. Por fim, destacam-se as atuações da Awkwafina e da doce  Shuzhen Zhao, cada uma com sua sensibilidade.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Cópia fiel (2010)



Filme do diretor iraniano Abbas Kiarostami, “Cópia fiel” começa quando o escritor inglês James Miller viaja para uma pequena cidade na Itália para divulgar seu livro, que possui o mesmo nome do filme. Ele então conhece a dona de uma pequena loja de obras de arte chamada Elle. Os dois saem para andar pela cidade e conversam sobre vários assuntos.

No bom estilo “Antes do amanhecer”, os dois discutem sobre vários temas interessantes, como o valor do original e da cópia, arte e família. James é frio e racional, Elle é emotiva e preocupada, já que tem um filho e precisa assumir várias funções, como ser mãe, pai e trabalhar, ao mesmo tempo. Entretanto, o filme tem uma reviravolta quando, após serem confundidos por uma senhora, ambos se comportam como marido e mulher (ou de fato seriam casados e não sabíamos?). Aí se encontra a boa trama do diretor Kiarostami.

O filme é bem dividido nessas duas partes que não se excluem, pelo contrário, poderiam até serem invertidas que a trama continuaria interessante, já que ficamos com a dúvida sobre o que é real (ou cópia) na conversa dos dois. No entanto, esse entendimento você somente conseguirá extrair – se for essa a intenção, é claro -, ao assistir a esse filme, que é simples, mas que traz um debate importante, como por exemplo: A obra original não seria apenas uma cópia bem feita ou uma representação daquilo que já existe? O que é verdadeiro e falso na relação entre James e Elle? A interpretação é sua.