quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Versões

Assistindo a nova série “Sandman”, baseada nos quadrinhos de Neil Gaiman, há um episódio em que vemos que a genialidade de William Shakespeare poderia ter sido fruto de um “pacto” com o senhor dos sonhos. Claro, é um quadrinho de fantasia, entendo. No entanto, a despeito da ficção, isso me faz pensar sobre quão verossímeis são os fatos e pessoas representadas na história. Para muitos, o Shakespeare foi, na verdade, uma mulher, o que faz muito sentido para mim. É como aquele antigo verbete: “a história é contada pelos vencedores”. Para mim é simples. Contra fatos não há argumentos, salvo poucas exceções.

Deixando de lado o aspecto real e ficando um pouco na fantasia, gosto de pensar que muito do que vivemos hoje são resquícios e sombras do passado. Nenhuma novidade aí. Mas eu gosto de brincar com essas versões estranhas de fatos e personagens históricos, como no quadrinho de Gaiman. Será que aquele escritor, filósofo ou músico famoso era realmente assim ou tudo foi produzido para encaixá-lo em certo formato mais “comercial”. Como os defeitos que vemos em Hemingway ou em Dalí, no filme “Meia-noite em Paris”, quando o Owen Wilson volta no tempo e interage com seus ídolos e percebe como eles eram diferentes do que imaginava. Acho curiosas e divertidas essas suposições.

Fatos são reais, assim como a noticiada fotografia recente de uma nebulosa feita pelo telescópio James Webb. É real, mas não do jeito que vemos. Ela é uma representação baseada em dados matemáticos obtidos no espaço. Até por que, caso você estivesse no satélite e olhasse para uma nebulosa, provavelmente você não a veria como na foto, que provavelmente você colocará como tela de fundo do seu celular, pois a velocidade das cores é diferente no tempo e espaço, algo que nossos olhos humanos, e, portanto, limitados, não conseguiriam ver. O raio infravermelho que sai do seu controle remoto até a televisão não é visto a olho nu, mas ele está lá. Por isso, esse fato científico esplêndido é uma tradução, ou seja, não é como de fato é, muito embora continue sendo bem real.

Portanto, seja em um quadrinho, filme ou livro histórico, Shakespeare continua sendo Shakespeare, independentemente da sua versão que você aprenda sobre ele. Brinque com as versões, mas saiba identificar e respeitar um fato. 

Ah, e só pra reiterar, a terra é redonda. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário