Tempos de quarentena são difíceis. Há três meses vou apenas ao mercado perto de casa, com poucas incursões ao trabalho. No entanto, semana passada, sai com um colega e decidimos pedir uma cerveja e tomar ali mesmo, na calçada, fora do bar (ambos devidamente com máscara e mantendo o distanciamento) . Entre algumas conversas aleatórias e recordações, o dono do bar solta “você sabe o Thales?”, meu amigo responde “sim, que tem ele?”, por sua vez o primeiro diz com um tom nebuloso “ele se matou no domingo”. Nessa hora o clima pesou e nós três sentimos um embrulho no estômago. E assim ficamos um tempo.
O dono do bar fala “...mas ele
não era depressivo. Não entendi. Deve ter sido a solidão”. Eu, observando os
dois conversarem sobre o amigo que se foi, fiquei sem palavras, até que, após
um respiro, disse “quando a solidão vem, ela bate com força”. Todos nós
assentimos. Logo após chegou um vizinho, mas o ar surgido do que fora contado
há pouco sobre a morte de um conhecido ainda permaneceu ali, até se dissipar.
Então, aquele bar, aqui no centro de SP, voltou a ser um pequeno reduto de
filósofos e cientistas políticos de plantão.
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