Há algum tempo não escrevo neste
blog, creio que devido a situações em minha vida recente. Situações boas,
dessa vez. Bem, de qualquer modo, temo pelo despreparo dessas linhas, mesmo
quando ainda estão apenas em minha mente.
Observando a cortina, o tapete, a
TV, às vezes sinto um leve sussurro de “Boa Noite” da solidão do outro lado do
quarto. Já somos amigos. Então, lembrei. Penso que não devemos ter esperança
em algo, mas fé. A fé nos move, nos evidencia, ela prova quem somos. A
esperança morre, para e espera algo que não teremos se assim fizermos jus ao
seu nome.
Não tenho esperança na igreja, ou
no fim da fome na África, ou na abolição da corrupção em nosso país. Tenho fé
no que podemos fazer, construir, mudar. Se sinto fome, como. Se estou animado,
brinco. Se estou triste, me calo. Palavras não ditas são filosofias escondidas.
Se tenho esperança, pratico a fé. E a minha é deslocada, atípica, sutil. Se
você a percebe, é por que deixei que você percebesse. Minha expressão de fé não
é vã. Eu a exerço quando te observo, toco em você e deixo um gesto no ar. Minha
fé está no pequeno espaço entre nós.
Se você sofre, tenha fé. Não ache
que ninguém quebrará o monopólio de sua dor. Termine de se arrepender e
pratique mais de você. É preciso discutir a fé quando combatemos a esperança
preguiçosa. E quando fecho meus olhos e vejo você, falo de fé com a solidão no
outro lado do quarto.
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