As manifestações realizadas
nestes dias buscam diversas reivindicações e não se voltam apenas para a queda
de um regime de governo. Essa pluralidade de questionamentos traz à tona uma
dúvida sobre nossa democracia e sua eficiência.
Bem, ao contrário do que muitos
pensam, nosso sistema eleitoral/democrático funciona (e muito bem). É um dos
mais modernos do planeta. No entanto, vivemos, creio eu, uma crise de
representatividade, onde quem assume cargos políticos não nos representa de
fato, ou extravia-se dos objetivos que outrora defendia.
Penso que a população cansou de
ver na pauta política discutida assuntos irrelevantes ou que, direta ou
indiretamente, tornar-se-ão inúteis com o tempo. Projeto de cura gay, aumentos
salariais dos congressistas, discussões de legitimidade entre o judiciário e o
legislativo, dentre outros temas igualmente desprezíveis ou que retardam nossa
justiça, como a Pec 37. Enquanto isso, o custo de vida aumenta, dentistas são
queimados vivos, jovens são assassinados por causa de um celular e um pai sofre
para levar seus filhos ao colégio com uma passagem absurdamente desproporcional
à sua realidade.
Assistimos à elitização do
futebol e à farra com a concessão de diárias para “apadrinhados” políticos irem
à Europa, enquanto a massa do povo sofre com o desprezo dado ao SUS e ao
transporte público. Infelizmente, no Brasil, a mídia mostra, mas não provoca.
Prefere-se falar sobre quantos milhões o Neymar vai ganhar a discutir uma
possível redução de impostos ou uma CPI dos estádios superfaturados.
No Brasil, o buraco é sempre mais
embaixo.
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