sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A queda do solar de usher



"Durante um pesado, sombrio e silente dia de outono, em que as nuvens pairavam opressivamente baixas no céu, estive passeando sozinho a cavalo em uma região do interior singularmente tristonha, e afinal me encontrei, ao caírem as sombras da tarde, no melancólico solar de usher. Não sei explicar, ao primeiro olhar invadiu-me a alma uma angustia insuportável, poética, cruel, desolação do terror. Contemplei o panorama a minha frente – era uma casa simples, com paisagem simples. Paredes soturnas, janelas vazias, uns poucos canteiros de caniços e uns troncos brancos de arvores mortas Como um sonho de ópio. Havia um engessamento, uma tontura, uma enfermidade inimaginável. Quem dele desperta, a amarga recaída da vida cotidiana, vive o tombar do véu.  Não era frio. Era indiferença. Uma revolta do coração." 

Edgar Allan Poe

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