segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O homem duplicado



“O caos é uma ordem ainda não compreendida”. Essa frase “explica” bem o filme “O homem duplicado” (2014), de Denis Villeneuve. As aspas foram necessárias já que uma explicação é algo que você, com certeza, não terá ao assistir essa pérola do cinema. Baseado num livro homônimo de José Saramago, o filme trata das inquietações e dúvidas sofridas pelo personagem principal - vivido por Jake Gyllenhaal - ao descobrir que tem alguém igual a ele. Um é professor de história e, o outro, um ator coadjuvante de cinema. Qualquer clichê é descartado na historia, já que ela é permeada de devaneios, sonhos e um laço intrigante que une cada vez mais os personagens.

Com um enredo repleto de metáforas e elementos da psicanálise, o telespectador perde-se ao tentar seguir uma linha de pensamento e tudo é (des)construído com o desenrolar da história. Bem, e se você achasse - ou descobrisse - que poderia ter outra vida? ou usar roupas diferentes sem se achar “descolado” ou antiquado demais? Ou recriar um relacionamento amoroso livre de erros?

O cotidiano enclausura-nos num clima claustrofóbico e rotineiro, onde perdemos a esperança e ganhamos apatia com o tempo. O filme trata do questionamento da possibilidade que é trocar de vida (ou destino para muitos), e que isso não quer dizer necessariamente com outra pessoa, mas sim consigo mesmo. Quantos de "você" poderiam ser encontrados nas ruas quando desiste de sonhos ou foge de seus objetivos?

Fazer algo diferente não é ser outra pessoa, mas achar outra parte escondida de você. Aprender algo novo ou agir de maneira diferente é buscar qualidade de vida. É você se encontrar com outra versão sua e, muitas vezes, mais congruente com o que você sempre quis ser.

Em “O homem duplicado” não queira respostas. Espere questionamentos.

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