“O caos é uma ordem ainda não compreendida”. Essa frase
“explica” bem o filme “O homem duplicado” (2014), de Denis Villeneuve. As aspas
foram necessárias já que uma explicação é algo que você, com certeza, não terá
ao assistir essa pérola do cinema. Baseado num livro homônimo de José Saramago,
o filme trata das inquietações e dúvidas sofridas pelo personagem principal - vivido
por Jake Gyllenhaal - ao descobrir que tem alguém igual a ele. Um é professor
de história e, o outro, um ator coadjuvante de cinema. Qualquer clichê é
descartado na historia, já que ela é permeada de devaneios, sonhos e um laço
intrigante que une cada vez mais os personagens.
Com um enredo repleto de metáforas e elementos da
psicanálise, o telespectador perde-se ao tentar seguir uma linha de pensamento
e tudo é (des)construído com o desenrolar da história. Bem, e se você achasse -
ou descobrisse - que poderia ter outra vida? ou usar roupas diferentes sem se
achar “descolado” ou antiquado demais? Ou recriar um relacionamento amoroso
livre de erros?
O cotidiano enclausura-nos num clima claustrofóbico e
rotineiro, onde perdemos a esperança e ganhamos apatia com o tempo. O filme
trata do questionamento da possibilidade que é trocar de vida (ou destino para muitos),
e que isso não quer dizer necessariamente com outra pessoa, mas sim consigo
mesmo. Quantos de "você" poderiam ser encontrados nas ruas quando
desiste de sonhos ou foge de seus objetivos?
Fazer algo diferente não é ser outra pessoa, mas achar outra
parte escondida de você. Aprender algo novo ou agir de maneira diferente é
buscar qualidade de vida. É você se encontrar com outra versão sua e, muitas
vezes, mais congruente com o que você sempre quis ser.
Em “O homem duplicado” não queira respostas. Espere
questionamentos.
Ao filme e ao livro, pois.
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