quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Não diga que já vai


Nunca venha me dizendo que já vai. Por favor, não me deixe sentir saudades. Não bata na porta dando um adeus ao entrar. Não faça movimentos bruscos com seu sorriso porque isso é baixaria no meu coração. Faça e desfaça tudo e diga que não vai dar, mas nunca, nunca mesmo comece um desenho já pedindo uma borracha. Na vida, tudo é feito à caneta. No máximo se pula um parágrafo ou se vira a página.

Não procure entender o fácil. O óbvio é enigmático quando se olha de perto. Suplique aos céus, caia de joelhos e não minta para si mesmo. Não peça para gritar “gol” ouvindo o rádio. A “geral” gritará mais forte. Pegue o ônibus quando não tiver dúvidas. Pegue o carro e atravesse a cidade quando quiser ter certeza. Não dê sobrando e espere o troco. O que sobra nunca é resto. Chore sozinho, porque a esperança é cinza, quem sabe? Comece e termine.

Ame e esqueça, às vezes; mas nunca, nunca mesmo, venha me dizendo que já vai.

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