Durante a noite não conseguiu
dormir. Revirou uma pilha de papéis velhos que estavam no fundo do armário,
arrumou os livros na estante e até limpou a casa, mas o sono não veio. Nem os
devaneios causados por meia hora de Chopin o fez cair no sono. Estudar
tampouco. Ele estava ali, no quarto, condenado, e sua única companhia era a
solidão. Os lençóis ainda estavam bagunçados porque neles não quis mexer. Saiu
conversou sobre política e futebol com o porteiro da madrugada. Contou quantos
azulejos existem entre o hall e sua porta da frente. Comeu um miojo. No entanto
não conseguiu ver um filme completo. Para esse hobby ele sempre precisou de
total descompromisso e naquela noite ele estava prometido à inquietude dos
noturnos. Viu uma luz entre a cortina, foi à janela, observou a rua e nada viu.
Estava Fatigado de si e de seu infortúnio. Encontrou velhas cartas em uma
gaveta, leu todas e se sentiu em outro lugar e momento por um breve instante. Aquilo
não o fez bem, pois não queria encontrar aquilo de que não queria se lembrar.
Guardou as cartas, abriu o computador e escreveu uma crônica. Assim, pela
primeira vez durante toda a noite, conseguiu ter foco. Deitou e dormiu ainda
sem ter sono. Acordou ainda com vontade de dormir.
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