Sabe-se que a televisão é boa
companhia. Há quem more sozinho e ligue o aparelho todos os dias, ao voltar
para casa, apenas para se sentir menos solitário. Outros, mesmo com amigos na
sala, não conseguem deixar de prestar atenção na tela, interrompendo conversas
só para ouvir melhor.
Um pesquisa comportamental da
Universidade da Califórnia descobriu que os depressivos podem se beneficiar com
uma boa dieta de rostos televisivos pela manhã. Os rostos precisam ter tamanhos
reais e estarem à distância de uma conversação normal. É como se substituísse as
pessoas e desse humor similar ao da socialização normal.
Nesse sentido, há uma categoria
de espectadores ainda pouco estudada, mas digna de nota: a do cara que conversa
com a tv. Levando ao extremo sua cotidiana interação com os pixels. A relação
que se tem com a telinha vai da personalidade de cada um.
Por exemplo, eu falo às vezes
com minha TV, digo: "Não diga!" ao comentário óbvio da apresentadora
do telejornal. Gosto de adivinhar o gracejo final das reportagens (tenho grande
talento nessa área) e inventar chamadas mais interessantes: "No próximo
bloco: como saber se seu hamster está possuído? E mais: os gols da
rodada".
Há quem responda às perguntas
dos shows de prêmios, decifre charadas, dê boa noite ao âncora, não se contenha
ao ser instigado num programa infantil, ou cante a música do programa do
Ratinho. Também, nos filmes, faço questão de avisar a menina ingênua que o
bandido está vindo por trás com uma foice. Em filmes, aliás, sou do tipo
participativo: ofendo o elenco e bato as pernas no espanto da cena de suspense.
Outros inserem dublagens toscas nas novelas e, muitas vezes, ficam melhores que
as originais.
Mas, na dúvida, parafraseando
uma finada vinheta da MTV: “Desliga a TV e vai ler um livro”.
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