“Não deixo o tempo perdoar em meu
lugar. Não darei a ele os créditos de minhas dores. Assumo minhas falhas e eu
mesmo peço desculpa. Minha soberba é menor do que minha inteligência, e posso
garantir que é bem menor que meu coração. Ainda que seja um coração tolo,
crédulo, facilmente influenciável. Não tenho problema em perder uma briga, mas
tenho todos os medos em perder um amor. Não permito o tempo resolver o que não
resolvi, ajeitar o que não ajeitei, concluir o que abandonei, sugerir o que
silenciei, falar por mim. Não assinarei uma procuração no cartório para que ele
defina minha situação. A franqueza tem
que ser paga à vista. O tempo apenas acumula juros e distorções de nosso valor.
Não há sentido no tempo, a saudade torna todos os dias iguais. Sou adepto de
permanecer na tempestade a dois – nenhum dilúvio é para sempre. Sou possessivo
com minhas lembranças, arrumo a bagunça que criei, explico minhas crises, não
transfiro ao tempo minhas responsabilidades. Não considero justo que o tempo
diga se eu estava certo ou errado. Melhor errar assinando a página do que
acertar anonimamente. O tempo organiza, mas não define. Esfria, mas não cura.
Adia dúvidas, mas não dá certezas. O tempo finge que avançamos, mas não saímos do
lugar. Diminui as ofensas, mas não resgata os elogios. O tempo é o senhor da
razão, mas sempre escolho a fé. E a fé tem seu próprio tempo. O tempo de amar é
agora.” Carpinejar
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