Ele não queria ouvir seus
próprios pensamentos. No fundo, estava cansado demais para aquilo. Desejava
deixar aquele sentimento para trás, mas não tinha forças para reagir diante
daquela situação. Uma inquietação nova com resquícios de algo antigo. No entanto, não
sabia com se render, e não desistiu. Percebeu que a maior vitória foi conquistada há anos e que a maturidade veio com o tempo. Dar uma chance é a
maior atitude que ele faria. E fez. Desafios novos, remédios antigos.
Lembranças são como velhas cartas
empoeiradas e esquecidas numa gaveta ou como fitas de músicas perdidas. Sabia os parágrafos das cartas e ainda lembrava as letras das músicas. Para ele, tudo
eram papéis riscados e conversas ao entardecer. Mas agora não fazia diferença porque
sabia que o sol sempre nasce no outro dia, com uma nova noite a chegar. Assim
como uma cicatriz em uma árvore que ninguém visita, sabia que seus dias aqui
seriam sempre assim: algo a lembrar, algo a esquecer.
Como diz o samba: "E a vida continua, esse é o dito que todo mundo proclama. O consolo dos aflitos e a desilusão de quem ama". Ou, numa chave menos angustiada: "A vida se renova todo dia. Eu envelheço cada dia, em cada mês. O mundo passa por mim todos os dias, enquanto eu passo pelo mundo uma vez"
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